De Fora do Cerne
Eu renascia quando você se atrasava e chegava de jaqueta e olhos frios que eu vi brilhar. Você dizia que ninguém ama pra sempre. E disse que eu logo aprenderia a superar. Você julgava saber das coisas, me julgava aprendiz, julgou como se fossem suas minhas coisas... Mas eu sabia, eu sei; nada é bem assim como você dizia. Sabia que seria assim: eu sofreria quando você partisse, mataria minhas coisas, implorando por sua volta. Só não sabia que nada era tão assim como eu acreditava. Contava luas, contava noites, desesperadamente, não contei a ninguém todo o vazio, afinal vazio é espaço pra se contar consigo. Daí apenas contei comigo todos os dias, sem você saber, dado que nada havia a te contar. E não te deixei. Contei histórias, criei passatempos e me vi igual, esbarrando em tudo e caindo por cima como um bêbado. Bêbado de saudade. E não te deixei. Unicamente não quero mais estar associando minha solidão. Procurei dormir todas noites, ocupar todos os dias, pular cada segundo, para